Impressão digital não diz se você é atleta

Questão de Fato
5 abr 2022
Autor
atletas

 

A apresentadora Glória Maria chama a próxima matéria do Fantástico: “O segredo do talento com a bola nos pés pode estar nas pontas dos dedos das mãos. Que história é essa, Pedro?” O Pedro em questão é o Bial, que responde: “É o que afirmam os defensores da dermatoglifia, um estudo das impressões digitais que se propõe a revelar craques”.

Essa é apenas uma dentre várias reportagens sobre testes dermatoglíficos (das palavras gregas derma, “pele”, e glyphe, “gravura”) que a imprensa nacional já veiculou. A área de pesquisa foi assunto no Jornal Nacional e no Jornal do Almoço, da emissora afiliada NSC TV, de Santa Catarina. Também apareceu na TV Brasil, no SporTV e no jornal O Popular.  

Todas contam, em linhas gerais, a mesma história: educadores físicos coletam impressões digitais de atletas amadores ou profissionais usando um scanner ou, simplesmente, uma almofada de carimbo. Então, analisam o desenho intrincado formado pelos sulcos nas extremidades dos dedos – um traçado de cristas e vales que não se repete em nenhum ser humano, nem gêmeos idênticos. Ali estariam inscritos os pontos fortes e fracos de cada esportista.

Impressões digitais se distribuem em três tipos básicos de desenho: arcos, presilhas ou verticilos. Pessoas com arcos seriam boas com força bruta, presilhas seriam sinal de aceleração, verticilos indicariam resistência aeróbica ou coordenação motora. O número de linhas e a simetria do desenho também entram na conta. Ambos seriam sinal de “um desenvolvimento embriológico excelente”, típico de atletas de alto rendimento. As explicações acima são do professor aposentado José Fernandes Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), autor de alguns livros sobre o assunto e entrevistado em várias das reportagens mencionadas.

 

digitais

 

No Brasil, atualmente, identificamos três empresas que prestam o serviço: a Salus Dermatoglifia, sediada em Joaçaba (SC), o Centro de Excelência em Avaliação Física (CEAF), no Rio de Janeiro, e a Dermato Sport, que cobra R$ 250 por um exame e realiza a coleta das impressões digitais por correio.  

 

Origem russa

O problema: especialistas em ciências forenses, embriologia e educação física – dentre outros campos da ciência que lidam com impressões digitais ou desempenho esportivo – alertam que não há evidências sólidas o suficiente por trás das correlações citadas no parágrafo acima.

De fato, críticos mais assertivos dos testes dermatoglíficos afirmam que eles são apenas uma versão contemporânea de práticas pseudocientíficas antigas, como a quiromancia (leitura do destino pelas linhas da palma das mãos) e a frenologia (análise de caráter a partir do formato do crânio, popular no século 19).

Boa parte da literatura que embasa os testes dermatoglíficos empregados no Brasil vem da Rússia e de países do centro da Ásia, como Irã e Paquistão. Nesses lugares, não é só coordenação motora ou força que entram nos relatórios: empresas especializadas prometem aconselhamento em áreas como carreira ou relacionamentos. Dos matches no Tinder aos contatinhos do LinkedIn, atribui-se um nível astrológico de capacidade preditiva às impressões digitais.

Outra vertente dos testes, que associa os desenhos na ponta dos dedos com o desenvolvimento de diferentes regiões do cérebro, é mais popular no subcontinente indiano.

“Cada país tem suas peculiaridades”, explicou Ivan Shirobokov, pesquisador do Museu de Antropologia e Etnografia Pedro, o Grande, em São Petersburgo, durante uma palestra em 2019. “Os testes dermatoglíficos na Índia e na China se baseiam na ideia completamente errada de que há uma correlação entre a complexidade das impressões digitais e o desenvolvimento de certas áreas do cérebro. Ninguém se preocupa em explicar por que é o dedo indicador que está conectado ao lobo frontal, por exemplo. Na Rússia, essa pseudociência tem uma fórmula mais complexa. (...) Em algumas regiões, aplicam-se testes em shopping centers, e as equipes de aplicadores aconselham os pais a testarem seus filhos para que eles saibam qual caminho devem seguir na vida”.

Diante da dimensão que o problema alcançou, a Academia de Ciências da Rússia publicou um memorando para conscientizar a população e a mídia sobre o assunto. Foram convocados vinte acadêmicos de áreas como biologia, medicina, antropologia e estatística para fazer um pente-fino na literatura da área.

A conclusão foi que “não há evidências científicas de que as impressões digitais possam ser usadas para determinar a predisposição de uma pessoa a doenças comuns, suas habilidades, traços de personalidade ou para dar qualquer recomendação sobre a escolha de esportes, profissão ou parceiros”. 

De fato, é a aleatoriedade que torna as digitais tão úteis em caixas eletrônicos e investigações criminais: “Elas não trazem nenhum dado sensível”, explica à RQC Brasílio Caldeira Brant, diretor do Instituto Nacional de Identificação (INI), órgão da Polícia Federal. “É por isso que são a biometria mais usada do mundo: olhando as linhas, você não sabe dizer absolutamente nada sobre a pessoa. Com o sequenciamento de DNA ou a íris, por exemplo, é possível extrair alguns dados”.

 

Método

Em geral, os artigos científicos citados como referências bibliográficas para embasar os testes dermatoglíficos são publicados em revistas especializadas de baixo impacto, ou seja: que recebem pouquíssimas menções de outros pesquisadores e não são tidas como referência em suas áreas do conhecimento. (Vários deles, inclusive, estão em periódicos denominados “predatórios” – que aceitam publicar qualquer conteúdo, sem revisão, desde que o autor pague uma taxa.)

Em linha com os veículos, quase sempre suspeitos, em que são publicados, esses estudos, em geral, apresentam diversos problemas metodológicos. Um é a qualidade e consistência das impressões digitais coletadas, geralmente com carimbo e papel. Além da coleta manual, os estudos empregam, em geral, um grupo de voluntários pequeno – insuficiente para que haja representatividade estatística.

Em uma simplificação didática, isso equivale a fazer uma pesquisa eleitoral com apenas cem cidadãos brasileiros, moradores de um mesmo bairro, descobrir que todos votariam no mesmo candidato e então afirmar que as chances de vitória desse político são 100%.

(A Academia de Ciências da Rússia anexou a seu memorando uma análise crítica da tese de doutorado da pesquisadora Tatiana Abramova Fedorovna, um dos grandes nomes da dermatoglifia no país, explicando todas as limitações na maneira como conduziu a análise dos dados.)

Rudy Nodari Junior, doutor pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e diretor da Salus Dermatoglifia – uma das empresas que oferecem testes no Brasil –, admite essas limitações à RQC. Por isso, Nodari criou um método computadorizado de coleta de impressões digitais para fins acadêmicos, mais preciso e rápido que o carimbo. Sua intenção é gerar evidências mais sólidas, com mais voluntários, contra ou a favor da prática. “A dermatoglifia ainda tem uma série absurda de hiatos que merecem ser preenchidos com publicação adequada. Isso só vai acontecer com pesquisadores e sérios com ferramentas validadas”.

Rudy explica que, embora as pesquisas na área ocorram há muitos anos – no Brasil, pelo menos desde a década de 1980 –, ainda não houve um teste duplo-cego de longo prazo para verificar, por exemplo, as alegações da dermatoglifia aplicada ao esporte. Um desenho possível para esse experimento seria acompanhar o desempenho de um grande número atletas ao longo da carreira sem nenhuma intervenção ou aconselhamento – e depois verificar se, de fato, eles apresentam indicadores melhores nas características apontadas pelas digitais.

 

Vendendo sonhos

Uma outra questão – esta de ordem ética – é transformar em produto conclusões que não têm lastro em evidências sólidas. Não se pode descartar que, um dia, algum estudo encontre correlações entre traços dermatoglíficos e outras características psicológicas e fisiológicas. Mas, no momento, essas correlações não foram observadas de maneira conclusiva. Portanto, ainda que sejam um objeto de investigação válido no âmbito acadêmico, é enganoso oferecê-las ao público amplo na forma de um serviço de aconselhamento pago. No estado atual da arte, é perfeitamente possível que, mesmo no caso improvável de haver uma relação válida entre digitais e aptidão, essa relação seja muito diferente daquilo que os aconselhamentos fornecidos dizem hoje.

“É importante questionar esses testes porque essas empresas vendem sonhos e pensamentos positivos”, diz à RQC Christopher Champod, diretor da Escola de Ciências Criminais (ESC, na sigla em francês) da Universidade de Lausanne, na Suíça. “Isso tem um impacto no bem-estar de seus pobres consumidores. Nenhuma dessas alegações recebeu validação adequada nem está publicada em periódicos respeitáveis, revisados por pares”.

 

Verdade digital

“Não é algo completamente infundado usar as impressões digitais como indicadores de alguns problemas”, explica à RQC o cientista forense Glenn Langenburg. “Por exemplo: WIlliam Babler, na década de 1970, observou os dedos de fetos de abortos espontâneos e os comparou a fetos de abortos eletivos, feitos por opção da mulher. Ele percebeu que, dentre os fetos que morreram por causa de alguma falha catastrófica no desenvolvimento, havia uma predominância de arcos”.

Klaus Hartfelder, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP e especialista em biologia do desenvolvimento, reforça o comentário de Glenn: muitos estudos já buscaram e encontraram correlações entre impressões digitais e problemas congênitos, como as síndromes de Down (trissomia do cromossomo 21) e de Kabuki (mutações nos genes KMT2D e KDM6A).

Fendas lábio-palatinas (conhecidas popularmente como “lábios leporinos”, embora essa denominação não seja considerada correta) e até certas doenças psiquiátricas ou neurológicas também parecem se refletir, de alguma forma, na ponta dos dedos.

Hartfelder, porém, esclarece que correlações como essas são sempre escorregadias. Em primeiro lugar, porque seria necessário analisar as digitais de um número muito grande de pessoas (idealmente na casa dos milhares ou dezenas de milhares) para obter uma conclusão que não possa ser atribuída meramente ao acaso. O mesmo vale, é claro, para qualquer outra área da biologia.

“A maioria dos estudos de associação publicados é mais que duvidosa”, diz Hartfelder. “Basta ver a quantidade de análises GWAS submetidas a revistas de genética que recebem críticas – geralmente, são recusadas logo de cara pelos editores – por insuficiente número amostral”. (Um GWAS é um tipo de estudo que buscar associar variações específicas no DNA a doenças, traços físicos ou de personalidade.)

A bióloga Sarah Leupen, da Universidade de Maryland, resumiu para a RQC: “A presença de verticilos ou presilhas nas impressões digitais de fato é determinada geneticamente, então a possibilidade de que haja uma correlação com outros traços hereditários não pode ser descartada, ainda que soe improvável. Todo resto do padrão é aleatório. É como as listras de uma zebra, absolutamente arbitrário”.

 

A genética das digitais

Com seis semanas, um embrião humano tem o tamanho de uma ervilha (pouco menos de 1 cm) e ainda não possui dedos. Suas futuras mãos são protuberâncias indistintas, que se parecem com duas minúsculas nadadeiras. Duas semanas depois, o futuro bebê alcança 2,5 cm e os dedos já são claramente discerníveis. Nas pontas de cada um deles, tanto nas mãos como nos pés, formam-se almofadas de células chamadas coxins.

Os coxins crescem mais rápido que a área ao redor e se tornam calombos bem proeminentes. Depois, conforme o resto dos dedos cresce ao redor, essas protuberâncias dão a impressão de retroceder ou serem absorvidas até a décima-quinta semana de gestação. Isso é uma ilusão: elas permanecem com você até hoje. São a parte gordinha, mais carnuda, em que ficam as papilas dérmicas (esse é o nome correto da ponta dos seus dedos: “impressão digital” se refere ao desenho em si, e não ao trecho de pele em que ele se localiza).

Veja, na ilustração abaixo, a evolução dos coxins de acordo com as semanas de gestação:

 

dedos embrionários

 

Um coxim mais baixo e largo dá origem a uma impressão digital com arcos. Um coxim mais alto e estreito forma um padrão de cristas e vales concêntricos, com um rodamoinho central, o chamado verticilo. Coxins mais inclinados para a direita ou à esquerda dão origem aos desenhos assimétricos chamados presilhas.

Essas observações são antigas e bem estabelecidas: um livro seminal para a área é Fingerprints, palms and soles: an introduction to dermatoglyphics, publicado em 1943 por Harold Cummins e Charles Midlo, que já explica como os três tipos básicos de digitais são um traço hereditário e inato das papilas dérmicas.

Os conhecimentos consensuais vão até aí: os três tipos básicos são hereditários, o resto depende do ambiente uterino e outras variáveis ambientais. A razão desses desenhos em relevo existirem – e a maneira exata como se formam, sempre ligeiramente diferentes em cada ser humano – permanecem um mistério em vários aspectos (entre outros motivos, porque os organismos-modelo utilizados em estudos de laboratório com embriões, como ratos e galinhas, não têm papilas dérmicas similares às humanas). 

“Características como a coloração de faixas nas zebras, a pigmentação dos peixes e as impressões digitais são consideradas eventos de formação de padrões, do inglês patterning”, explica Irene Yan, professora associada no Departamento de Biologia Celular e do Desenvolvimento no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP. “Estes eventos envolvem vias de sinalização molecular que interagem reciprocamente para formar áreas distintas de ativação e inativação”.

Vamos explicar melhor, daqui a pouco, o conceito de vias de sinalização. Por ora, para entender a fala de Yan, imagine duas ondas sonoras sobrepostas, que se reforçam quando seus picos coincidem (formando um pico de maior amplitude) e se cancelam quando o pico de uma encontra o vale da outra. A formação de padrões no desenvolvimento embrionário de seres vivos é algo parecido, mas com moléculas que atuam ou deixam de atuar em intervalos regulares.

Correlação e causa

Para que os testes dermatoglíficos fossem verdade, não bastaria encontrar uma correlação sólida entre, por exemplo, verticilos e coordenação motora aguçada. Também seria importante descobrir qual é o mecanismo causal por trás dessa correlação. Para isso, precisaríamos saber se o desenvolvimento neurológico e músculo-esqueletal do embrião interfere de alguma forma na formação das papilas dérmicas – ou, pelo menos, se há moléculas que fazem expediente duplo no embrião, atuando em ambas as frentes.

Aqui entra o conceito de via de sinalização. Você pode pensar nessas vias como reações em cadeia bioquímicas (uma molécula, que se liga a um receptor, que ativa um…) responsáveis por dar instruções para a formação do bebê. É comum que uma mesma via de sinalização atue em aspectos completamente diferentes da formação do corpo. Irene Yan compara a situação à trupe do canal Porta dos Fundos, em que cada ator faz um personagem diferente em um vídeo diferente, porque o elenco fixo é pequeno.

O fato de que Porchat atua como Jesus em um vídeo e vendedor de supermercado em outro não significa que os dois papéis tenham qualquer associação, ou que os episódios estejam relacionados. Da mesma forma, ainda que existam vias de sinalização compartilhadas pelas papilas dérmicas com outras partes do corpo, isso não significa que esses eventos embrionários sofrem ação um do outro. Essa é só uma possibilidade.

“Pode haver alguma influência do sistema nervoso sobre as cristas e vales”, diz Michael Kücken, da Universidade Técnica de Dresden, na Alemanha. Uma das áreas de pesquisa de Kücken é a simulação computadorizada da formação das papilas dérmicas. “As cristas se formam logo após a enervação das pontas dos dedos, então é plausível que algum fator trófico [pequenas proteínas que incentivam e orientam a formação do sistema nervoso] desencadeie sua formação. Além disso, células de Merkel que depois atuarão como sensores mecânicos [ou seja, células responsáveis pelo tato] provavelmente estão envolvidas no desenvolvimento das cristas. Os detalhes de tudo isso, infelizmente, não estão nem próximos de serem compreendidos”.

Kücken conclui: “Não há qualquer evidência, até onde eu sei, que associe força, coordenação ou velocidade aos arcos, presilhas e verticilos. Para mim, isso soa como leitura de mãos moderna. Há uma grande literatura anterior à 2ª Guerra Mundial que tenta correlacionar todo tipo de traço humano a características das impressões digitais, mas era tudo bastante dúbio e há uma razão para o campo ter perdido popularidade após os métodos de análise de DNA se desenvolverem”.

Essa é uma descrição bastante simplificada do problema. Para os leitores interessados em se aprofundar, este texto, escrito pelas cientistas forenses Alice Walker e Kasey Wertheim, compila o conhecimento confiável disponível hoje sobre a formação das papilas dérmicas. Alice, diga-se, também falou com a RQC: “Eu suspeitaria bastante de quaisquer associações entre traços dermatoglíficos e personalidade, inteligência, problemas mentais ou outras predisposições na população em geral. O que eles estão fazendo me lembra mais leitura de mãos”.

 

Ciência em obras

Procurado pela RQC, o professor José Fernandes Filho, da UFRJ, afirmou, assinando com outro especialista na área (Dr. Ramon Montenegro): “Não irei abordar o comentário sobre a possibilidade dos estudos das impressões digitais serem considerados uma pseudociência. Para tanto, sugiro a leitura de alguns artigos publicados em periódicos científicos de referência, no intuito favorecer um entendimento baseado nas diversas evidências consolidadas sobre a dermatoglifia ao longo dos anos (...) Com isso, poderemos debater com mais propriedade e respeito acadêmico”.

Vale reforçar, aqui, que a dermatoglifia em si não é uma pseudociência: o estudo de impressões digitais e de sua possível associação com outras características fenotípicas é um campo de investigação sério. O que se põe em xeque é a validade de testes dermatoglíficos que se baseiam em correlações para as quais não há evidências suficientes.

Infelizmente, a bibliografia sugerida por José Fernandes Filho sofre das deficiências apontadas nas primeiras seções deste texto. Por exemplo: este estudo sobre hereditariedade de capacidades físicas e dermatoglifia analisou apenas quatro famílias com quatro membros cada. Este outro paper, que se propõe a revisar as evidências da área, cita trabalhos com números amostrais baixos e sem representatividade estatística na área de dermatoglifia e esporte, como 22 jogadores de vôlei da seleção brasileira, ou 20 jogadores de futebol de um clube chileno, ou 12 atletas de alto rendimento cariocas

Os estudos que utilizam amostras maiores (como este, na casa dos milhares) ou que admitem limitações e sugerem considerar outras variáveis (como este) sem dúvida devem ser lidos com interesse, mas não existem em número suficiente nem foram replicados por pesquisadores independentes.

Por sua vez, Rudy Nodari Junior afirma: “Pertenço ao grupo daqueles que defendem que a ciência sempre precisa ser questionada para continuar viva e mantendo sua dinâmica. Pesquisas com desenhos consistentes, tratamentos robustos e discussões aprofundadas serão muito bem-vindas para que o método fique cada vez mais claro e que tenha seu valor realmente observado”. Ele considera que o memorando da Academia de Ciências da Rússia é apenas uma posição possível no debate, e menciona sua experiência como aluno na Universidade Estatal Russa de Educação Física, Esporte e Turismo (RSUPES&T) em Moscou, onde há um núcleo de pesquisadores que defendem a dermatoglifia, com endosso do Ministério do Esporte russo.

De qualquer modo, até que o campo tenha avançado o suficiente para superar os obstáculos da base frágil de evidência, das limitações metodológicas e do alto risco de vieses, falsas correlações e associações ilusórias, só o que se tem é uma hipótese interessante, mas de baixa plausibilidade inicial – muito pouco para justificar toda a promoção recebida pelo campo na mídia e, o que é mais crucial, embasar  aconselhamentos que podem mudar o rumo de vidas e carreiras.

Bruno Vaiano é jornalista

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